Extremo

Sinto-me tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe do que me faz feliz. Tenho tanto na manga que ela começa a pesar, mas ao mesmo tempo tudo parece poder escorregar e fugir de mim deixando-me desmascarado face ao mundo e face a tudo o que pretendo alcançar. Na verdade aquilo que está próximo de mim e eu sinto seguro, não me dá ânimo faz-me adormecer. Prefiro o que é difícil mas na comodidade de uma extensão de tempo que me faça sentir que não é impossível, caso contrário começo a desesperar e a ansiedade destrói-me. Nesse instante, em que sinto a particularidade de estar perto do que quero mas que se encontra inatingível, algo toma conta de mim e arrasta-me para o ponto mais baixo da minha falta de auto-confiança. Quem me conhece, sabe bem como eu me posso sentir sobre-humano quando tudo corre bem e depressivo quando o que quero, que até parece simples de conseguir, se encontra a uma distância enorme.Mas nunca, mesmo numa altura extrema, me deixo abater não vale a pena. A única coisa que vale a pena são as experiências e a vivência de sentimentos, poder estar eufórico de tanta felicidade como ao mesmo tempo estar arrasado com tanta tristeza. Tudo é melhor, e isto é algo que aprendi há pouco tempo, no extremo não quero meias medidas, na morte ou na vida nunca no limbo. A gelar ou a escaldar nunca morno. Na euforia ou na depressão nunca no amorfo.Comigo é assim, esta é a minha droga, curto tanto a "trip" como a ressaca. Se uma me incute uma força sobre-humana e uma clareza de espírito com a qual pareço comandar a realidade, a outra deixa-me num ponto de auto-comiseração e de falta de ânimo que me faz dar valor a todos os pormenores e vicissitudes do destino.Apenas e só o extremo me deixa criar algo sublime.